terça-feira, 30 de julho de 2013

O que é anarquismo?

É comum as pessoas identificarem anarquismo com o caos, bagunça. Na verdade não se trata disso. O princípio que rege o anarquismo é a preferência por alternativa de organização voluntária em oposição ao Estado, considerando nocivo e desnecessário. Para os anarquistas, se a religião, o Estado e a propriedade contribuíram em determinado momento histórico para o desenvolvimento humano, passaram depois a restringir sua emancipação.
A tese anarquista de negação do Estado não se baseia em uma proposta individualista, porque o conceito de organização não coercitiva  funda-se na cooperação e na aceitação da comunidade. Trata-se de um aparente paradoxo, esse da realização da ordem na anarquia, porque para esses teóricos, a ordem na anarquia é natural:" são as instituições autoritárias que deformam e atrofiam as tendências cooperativas humanas".
A estrutura da sociedade estatal é artificial, por criar uma pirâmide em que a ordem é imposta de cima para baixo. Na sociedade anarquista a ordem natural expressa-se pela autodisciplina e cooperação voluntária e não pela decisão hierárquica. Por isso os anarquistas repudiam inclusive a criação de partidos, por prejudicarem a espontaneidade de ação, tendendo a se burocratizar e a centralizar o poder. Também temem as estruturas a se tornar um corpo dogmático. O anarquismo, enfim, é mais conhecido como movimento vivo e não tanto como doutrina.
A crítica ao Estado leva a inversão a pirâmide de poder representada por essa instituição, é a organização social que deriva dessa inversão rege-se pelo princípio da descentralização, procurando estabelecer a forma mais direta de relação, ou seja, a do contato "cara a cara". A responsabilidade surge através dos núcleos vitais das relações sociais, tais como em locais de trabalho e bairros, nos quais são tomadas as decisões. Quando isso não é possível por envolver outros segmentos, Federações devem ser criadas. O importante, porém, é manter a participação, a colaboração, a consulta diretas entre as pessoas envolvidas.
Além do Estado, os anarquistas repudiam as estruturas hierárquicas da igreja e defende o ateísmo como condição de autonomia moral do ser humano, liberto dos dogmas e da noção de pecado.
Os anarquistas foram contemporâneos de Marx e com ele partilharam as críticas ao sistema capitalista, à propriedade privada por meio de produção e a exploração da classe proletária pela burguesia. No entanto distanciaram-se de Marx por conta da teoria da ditadura do proletariado e o acusaram de otimista, "por não perceber que a rígida oligarquia de funcionário público e tecnocratas tenderia a se perpetuar no poder."
O mais brilhante anarquista foi Mikhail Bakunin  (1814-1876), filhos de ricos aristocratas russos. Tornou-se revolucionário graças à influência do francês Joseph Proudhon.
O anarquismo ressurgiu timidamente depois da segunda guerra mundial e recrudesceu na década de 1960 com ativismo de jovens de vários países da Europa e da América, o que culminou no movimento estudantil de 1968 em Paris.
O anarquismo no Brasil
Com a abolição da escravatura no  final do século XIX, a necessidade de mão de obra livre favoreceu a imigração de europeus, sobretudo italianos, que vieram inicialmente para as fazendas de café. No início da republica velha, um grupo de italianos instalou-se no interior do Paraná para fundar a colônia Cecília nos moldes de uma comunidade anarquista. Experiência efêmera e cheia de dificuldades, não conseguiu florescer.
No Brasil, o anarcossindicalismo organizou-se no começo do século XX, com a urbanização decorrente da industrialização, visando a atuação mais eficaz na luta contra a opressão patronal. Era um movimento atuante  não só na preparação das greves, mas na difusão do ideal anarquista por meio de escolas e jornais.
Merece destaque a atuação de José Oiticica (1882-1957), que, além de teórico e divulgador das ideias anarquistas, foi ativista e por isso exilado. Professor universitário e do PedroII, no Rio de Janeiro, tentou aplicar em aulas o princípio anarquistas. Intelectual erudito, é autor de obras variadíssima: Escrevendo sobre política, poesia, peças teatrais, contos e ainda desenvolveu trabalho linguísticos-filológicos.

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